Silêncio

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Assim como tudo em sua vida, ele parou e escutou. Tentou sentir a vida em suas veias. Num silencio sepulcral dentro do quarto. Nada ouvia, nada via nem tampouco sentia.

O quarto com paredes brancas, a cama mal feita, os armários embutidos mas já sentindo a ação do tempo assim como o criado-mudo com seu abajur velho e suas incontáveis marcas de copos. Estava sentado na poltrona, olhando pela janela assim como fazia todas as noites.

Mas hoje era diferente, ele sentia uma serenidade sentado em sua poltrona reclinável de couro marrom. O som do pequeno mini-system na sala não era percebido, ou simplesmente ignorado. Seus olhos viam a janela, o movimento lá embaixo na rua, mas não registrava os acontecimentos.

Tudo em que ele consegue pensar é nos atos que cometeu hoje, apenas algumas horas antes. Sem nem mesmo pensar ele bebe o resto do copo. Sente o desconfortável descer da bebida forte em sua garganta, mas não se preocupa com isso.

Qual o próximo passo? Já havia perdido a companheira de tantos anos. Queria descansar neste dia, mas hoje não pode, não pode dar essa felicidade a eles. Eles venceriam a guerra. Levanta. Colocou o sobretudo velho e puído, o velho chapéu e saiu.

Foi se alimentar, não pode mais aguentar a fome, sem saber o que deve fazer ele passa por varias praças, mas hoje não quer casais, quer ser feliz, eufórico. Entra no primeiro barzinho onde encontra jovens homens e mulheres se divertindo. Já se sente revigorado apenas com a vibração do lugar.

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